Comecei minhas férias de uma maneira que não quero repetir.
Entre tubos de soro e injeções para as dores.
Não quero nem pensar..mas não foram as dores que me traumatizaram, foi a solidão que passei.
Sim, estive ali largada entre outras pessoas naqueles corredores, dias inteiros.
Nem uma palavra foi dita, ninguém se preocupou se eu comia ou não, se estava bem, apenas vinham, mudavam o soro, davam mais um medicamento e nem um olhar directo.
Pessoas treinadas para ignorar o sofrimento alheio, senão quem sofre são eles.
Mas marcou-me. Haviam muitos idosos ali largados também. Muitos pensavam se sairiam dali, queixosos, não por causa das dores, mas por solidão também. Eu sentada na cadeira de rodas tentava chegar até uns e outros , falava um pouco.
Uma senhora de 89 anos disse-me "sabe menina, só estou à espera de morrer, do outro lado estarei melhor, tenho lá minha familia à espera"
Foi um choque para mim ouvir aquilo. Nunca pensamos na morte ou na velhice até nos deparar-mos com um quadro daqueles.
Olhava em volta e só via desalento, eu mesma fui contagiada por esse sentimento.
Tenho 36 anos mas senti-me velha tal a solidão que também sofria.
Já passou, espero não voltar a ter de ir a uma urgencia de hospital....se eu tivesse tempo disponivel voluntariava-me para fazer companhia nos hopsitais a quem sofre.Pois naquele momento, um sorriso, uma caricia , um olhar compreensivo, fazem muito melhor que qualquer medicamento.
segunda-feira, 27 de agosto de 2007
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